quarta-feira, 24 de novembro de 2010

AULA 11/11/2010

AUTO-IMUNIDADE


Conceito

·         Autoimunidade é uma resposta imune específica contra um antígeno ou uma série de antígenos próprios.
·         Doença Autoimune é uma síndrome provocada por lesão tissular ou alteração funcional desencadeadas por uma resposta autoimune.


A principal função do sistema imune é distinguir antígenos estranhos (agentes
infecciosos) de componentes próprios (“self”) presentes nos diferentes tecidos.
O sistema imune adquire auto-tolerância (não responde ao próprio):
1) pela deleção clonal de linfócitos T auto-reativos;
2) pela deleção clonal de linfócitos B auto-reativos;
3) pela supressão funcional de linfócitos T e B auto-reativos.


Doenças órgão-específicas:

  • Tireoidite de Hashimoto
  • Mixedema primário
  • Doença de Graves
  • Anemia perniciosa
  • Doença de Addison
  • Miastenia Grave
  • Diabetes Melito insulino dependente
  • Síndrome de Goodpasture

Doenças autoimunológicas sistêmicas ou não-órgão específicas:

  • Artrite Reumatóide
  • Lúpus Eritematoso sistêmico   



Referências: http://www.doencasdofigado.com.br/Autoimunidade.pdf



domingo, 21 de novembro de 2010

AULA 19/11/2010

CONTINUAÇÃO DAS REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE

Hipersensibilidade tipo II

Hipersinsibilidade tipo II também é conhecida como hipersensibilidade citotóxica e pode afetar uma variedade de órgãos e tecidos. Os antígenos são normalmente endógenos, embora agentes químicos exógenos (haptenos) que podem se ligar a membranas celulares podem também levar a hipersensibilidade tipo II. Anemia hemolítica induzida por drogas, granulocitopenia e trombocitopenia são exemplos. O tempo de reação é minutos a horas. A hipersensibilidade tipo II é primariamente mediada por anticorpos das classes IgM ou IgG e complemento (Figura 1). Fagócitos e células K também participam (ADCC).


Fig. 1 Mecanismo de citotosicidade tipo II


A lesão contém anticorpos, complemento e neutrófilos. Testes diagnósticos incluem detecção de anticorpos circulantes contra tecidos envolvidos e a presença de anticorpos e complemento na lesão (biópsia) por imunofluorescência. O padrão de coloração é normalmente suave e linear, tal como visto na nefrite de Goodpasture (membrana basal renal e pulmonar) (figura 2A) e pênfigo (proteína intercelular da pele, desmossomo) (figura 2B).


Fig. 2A Coloração imunofluorescente de imunoglobina G.


Fig. 2B Imunofluorescência para penfigo vugar.

Tratamento envolve agentes anti-inflamatórios e imunosupressores.




HIPERSENSIBILIDADETIPO III 


Hipersensibilidade tipo III é também conhecida como hipersensibilidade imune complexa. A reação pode ser geral (ex. doença do soro) ou envolve órgãos individuais incluingo pele (ex. lupus eritematoso sistêmico, reação de Arthus), rins (ex. nefrite do lupus), pulmões (ex. aspergilose), vasos sanguíneos (ex. poliarterite), juntas (ex. artrite reumatóide) ou outros órgãos. Esta reação pode ser o mecanismo patogênico de doenças causadas por muitos microrganismos.
A reação deve levar 3 - 10 horas após exposição ao antígeno (como na reação de Arthus). É mediada por complexos imunes solúveis. São na maioria de classe IgG, embora IgM possa estar também envolvida. O antígeno pode ser exógeno (bacteriano crônico, viral ou infecções parasitárias), ou endógeno (autoimunidade não órgão-específica: ex. lupus eritematoso sistêmico, LES). O antígeno é solúvel e não ligado ao órgão envolvido. Componentes primários são complexos imunes solúveis e complementos (C3a, 4a e 5a). O dano é causado por plaquetas e neutrófilos (Figura 4). A lesão contém primariamente neutrófilos e depósitos de complexos imunes e complemento. Macrófagos infiltrantes em estágios avançados podem estar envolvidos no processo de recuperação.
A afinidade do anticorpo e tamanho dos complexos imunes são importantes na produção de doença e na determinação do tecido envolvido. O diagnóstico envolve exame de biópsias do tecido para depósitos de Ig e complemento por imunofluorescência. A coloração imunofluorescente na hipersensibilidade tipo III é granular (ao contrário da linear no tipo II como visto na síndrome de Goodpasture). A presença de complexos imunes no soro e diminuição do nível do complemento também são diagnostigadores. Turbidez mediada por polietileno-glicol (nefelometria), ligação de C1q e teste celular de Raji são utilizados para detectar complexos imunes. O tratamento inclui agentes anti-inflamatórios.


Hipersensibilidade tipo IV

Hipersensibilidade tipo IV é também conhecida como mediada por células ou hipersensibilidade tardia. O exemplo clássico dessa hipersensibilidade é a reação (Mantoux) tuberculínica (figura 3) que atinge um pico em 48 horas após a injeção do antígeno (PPD ou antiga tuberculina). A lesão é caracterizada por calosidade e eritema.


Fig. 3 Teste intradérmico para tuberculose.

A hipersensibilidade tipo IV está envolvida na patogênese de muitas doenças autoimunes e infecciosas (tuberculose, lepra, blastomicose, histoplasmose, toxoplasmose, leishmaniose, etc.) e granulomas devido a infecções e antígenos estranhos. Uma outra forma de hipersensibilidade tardia é a dermatite de contato (hera venenosa, agentes químicos, metais pesados, etc.) nos quais as lesões são mais papulares. Hipersensibilidade tipo IV pode ser classificada em três categorias dependendo do tempo de início e apresentação clínica e histológica.
Os mecanismos de dano na hipersensibilidade tardia incluem linfócitos T e monócitos e/ou macrófagos. Células T citotóxicas causam danos diretos enquanto que células auxiliates T (TH1) secretam citocinas que ativam células T citotóxicas e recrutam e ativam monócitos e macrófagos, que causam a maioria das lesões (figura 4). As lesões da hipersensibilidade tardia contém principalmente monócitos e algumas células T.





Fig. 4 Mecanismo de dano em hipersensibilidade imune complexa. 

Linfocinas importantes envolvidas na reação da hipersensitividade tardia incluem fator quimiotáctico dos monócitos, interleucina-2, interferon-gama, TNF alpha/beta, etc.
Testes diagnósticos in vivo incluem reação cutânea tardia (ex. teste Mantoux (figura 3) e teste local (para dermatite de contato). Testes in vitro para hipersensibilidade tardia incluem resposta mitogênica, linfo-citotoxicidade e produção de IL-2.
Corticosteróides e outros agentes imunossupressores são usados no tratamento.


RESISTÊNCIA E IMUNIZAÇÃO DAS RESPOSTAS IMUNOLÓGICAS ÀS DOENÇAS INFECCIOSAS

0.1 Características gerais das respostas imunológicas ao micro-organismo
  • defesa é mediada pelas imunidades natural e adquirida;
  • há diversidade e especificidade da resposta imunológica;
  • a evasão ou resistência do micro-organismo influenciam no prognóstico da doença.
0.2 Imunidade às bactérias extra celulares
  • induzem inflamação (purulentas);
  • produzem toxinas;
  • imunidade natural: ativação do complemento, fagocitose, resposta inflamatória;
  • imunidade adquirida: ação da imunidade humoral que bloqueia a infecção, neutralização de toxinas, ativação do complemento pela via clássica, produção de citocinas pelas células T que estimulam a produção de AC;
  • evasão: bactérias ricas em polissacarídeo resistem á fagocitose e inibem o complemento.
0.3 Imunidade às bactérias intra celulares
São bactérias que se multiplicam dentro dos macrófagos.
  • imunidade natural: consiste principalmente, em fagócitos e células NK que controlam o crescimento bacteriano;
  • imunidade adquirida: mediada por células citotóxicas que destroem as células infectadas.
0.4 Imunidade as fungos
Os fungos são oportunistas, pessoas com a imunidade baixa estão mais expostas a esses fungos. Exemplos de doenças: pneumocistas jiroveci.
  • imunidade natural mediada por macrófagos e neutrófilos;
  • imunidade adquirida: mediada por células T e AC.
0.5 Imunidade aos vírus
São parasitas intra celulares obrigatórios causando a lise celular que os afetam/infectam.
  • imunidade inata: ocorre a inflamação da infecção pela ação de interferon e por células NK;
  • imunidade adquirida: mediadas por linfócitos T citotóxicos além da ação de AC que neutralizam os vírus. Exemplo herps, raiva, poliomielite.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

AULA 06/11/2010

REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE

         Hipersensibilidade se refere às reações excessivas, indesejáveis (danosas, desconfortáveis e às vezes fatais) produzidas pelo sistema imune normal. Reações de hipersensibilidade requerem um estado pré-sensibilizado (imune) do hospedeiro. Reações de hipersensibilidade podem ser divididas em quatro tipos: tipo I, tipo II, tipo III e tipo IV, baseados nos mecanismos envolvidos e tempo levado para a reação. Freqüentemente, uma condição clínica particular (doença) pode envolver mais de um tipo de reação.          

          
TIPOS DE REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE
TIPO I – Anafilática ou imediata
TIPO II – Citotóxica
TIPO III – Imune complexos
TIPO IV – Mediada por células ou tardia


HIPERSENSIBILIDADE TIPO I

            Hipersensibilidade tipo I é também conhecida como imediata ou hipersensibilidade anafilática. A reação pode envolver pele (urticária e eczema), olhos (conjuntivite), nasofaringe (rinorréia, rinite), tecidos broncopulmonares (asma) e trato gastrointestinal (gastroenterite). A reação pode causar uma variedade de sintomas desde inconveniências mínimas até a morte. A reação normalmente leva 15 - 30 minutos para o período de exposição ao antígeno, embora às vezes possa ter início mais demorado (10 - 12 horas).
Hipersensibilidade imediata é mediada por IgE. O componente primário celular nessa hipersensibilidade é o mastócido ou basófilo. A reação é amplificada e/ou modificada pelos plaquetas, neutrófilos e eosinófilos. Uma biópsia do local da reação demonstra principalmente mastócitos e eosinófilos.
O mecanismo da reação envolve produção preferencial de IgE, em resposta a certos antígenos (alergenos). IgE tem muito elevada afinidade por seu receptor em mastócitos e basófilos. Uma exposição subsequente ao mesmo alergeno faz reação cruzada com IgE ligado a células e dispara a liberação de várias substâncias farmacologicamente ativas (figura 1). Ligação cruzada do receptor Fc de IgE é importante para a estimulação de mastócitos. A degranulação de mastócitos é precedida pelo aumento do influxo de Ca++, que é um processo crucial; ionóforos que aumentam Ca++ citoplasmático também promovem degranulação, enquanto agentes que depletam Ca++ citoplasmático suprimem degranulação.

Figura 1 Introução e mecanismos efetores em hipersensibilidade tipo I.

 Mastócitos podem ser iniciados por outros estímulos tais como exercício, stress emocional, agentes químicos (ex. meio de revelação fotográfica, ionóforos de cálcio, codeína, etc.), anafilotoxinass (ex. C4a, C3a, C5a, etc.). Essas reações, mediadas por agentes sem interação IgE-alergeno, não são reações de hipersensibilidade embora elas produzam os mesmos sintomas.
A reação é amplificada por PAF (fator ativador de plaquetas) que causa agregação plaquetária e liberação de histamina, heparina e aminas vasoativas. Fator quimiotáctico eosinofílico de anafilaxia (ECF-A) e fatores quimiotácticos de neutrófilos atraem eosinófilos e neutrófilos, respectivamente, que liberam várias enzimas hidrolíticas que provocam necrose. Eosinófilos podem também controlar a reação local pela liberação de arilsulfatase, histaminase, fosfolipase-D e prostaglandina-E, embora este papel dos eosinófilos seja questionado.
Nucleotídios cíclicos parecem ter papel significante na modulação da reação de hipersensibilidade imediata, embora sua função exata ainda não seja compreendida. Substâncias que alteram os níveis de AMPc e GMPc alteram significantemente os sintomas alérgicos. Assim, substâncias que aumentam AMPc intracelular parecem aliviar os sintomas alérgicos, particularmente os bronco-pulmonares, e são usados terapeuticamente. Contrariamente, agentes que diminuem AMPc ou estimulam GMPc agravam essas condições alérgicas.


PRODUTOS DE ATIVAÇÃO DE MASTÓCITOS
·         Hirtamina, prostaglandina, leucótrienos, que vão causar o extravasamento vascular, broncoconsturção, peristalismo intestinal.
·         Citosinas prostaglandina, leucotrienos, que vão causar a inflamação.


TRATAMENTO PARA ELERGIAS BASEADO EM ANTI – IgR
·         Os mastócitos são sensibilizados por ligações de IgE
·         Bloqueio da sensibilidade dos mastócitos por anti – IgE


TESTES CUTÂNEOS PARA ALERGIAS
            Testes incluem a detecção de AC circulantes contra tecidos envolvidos e a presença de AC e complemento na lesão (biopsia).


TRATAMENTOS PARA ALERGIAS
·         Sintomáticos: bloqueio de receptores e broncodilatadores
·         Evita a degradação de mastócitos, inibindo o influxo de Ca
·         Imunoterapia, hiposensibilização, administração de anti – IgE.


            Testes diagnósticos para hipersensibilidade imediata includem testes de pele (perfuração e intradérmico) (fig. 1A), medida de anticorpos IgE totais e anticorpos IgE específicos contra os suspeitos alergenos. Anticorpos IgE totais e anticorpos IgE específicos são medidos por uma modificação do ensaio imunoenzimático (ELISA). Níveis aumentados de IgE são indicativos de uma condição atópica, embora IgE deva estar aumentado em algumas doenças não atópicas (ex., mielomas, infecções helmínticas, etc.).


Figura 1A Visão em close de teste intradérmico com múltiplas respostas alergênicas positivas


             Ao que parece há uma predisponsição genética a doenças atópicas e há evidências de associação a HLA (A2).
            Tratamento sintomático é conseguido com anti-histamínicos que bloqueiam receptores de histamina. Cromolina sódica inibe a degranulação de mastócitos, provavelmente pela inibição do influxo de Ca++. O início tardio de sintomas alérgicos, particularmente bronco constrição que é mediada por leucotrienos, são tratados com bloqueadores de receptores de leucotrieno (Singulair, Accolate) ou inibidores de cicloxigenase (Zileuton). Alívio sintomático, embora de curta duração, da broncoconstrição é oferecido por broncodilatadores (inaladores) tais como derivados de isoproterenol (Terbutalina, Albuterol). Teofilina eleva AMPc pela inibição da AMPc-fosfodiesterase e inibe a liberação intracelular de Ca++ é também usada para aliviar sintomas broncopulmonares.
            O uso de anticorpos IgG contra as porções Fc de IgE que se ligam a mastócitos tem sido aprovado no tratamento de certas alergias, visto que bloqueia a sensibilização de mastócitos.
Hiposensibilização (imunoterapia ou dessensibilização) é outra modalidade de tratamento que é bem sucedida em algumas alergias, particularmente a venenos de insetos e, até certo ponto, pólens. O mecanismo não é claro, mas existe uma correlação entre o aparecimento de anticorpos (bloqueadores) de IgG e o alívio de sintomas. Células T supressoras que inibem especificamente anticorpos IgE também participam.